sábado, 25 de abril de 2009

Mais um surfista vítima das redes


Mais um surfista vítima das redes

A morte do empresário e estudante Lucas Boeira Dias, 22 anos, enquanto surfava na manhã de sábado, no loteamento Capão Novo Village, no Litoral Norte, reacendeu o debate sobre as delimitações de zonas para o esporte e para a pesca.

Ao perceber que havia invadido a área de pescadores, ele e o irmão gêmeo Fábio tentaram sair da água, mas Lucas ficou preso no cabo de uma rede e não conseguiu se desvencilhar.

Freqüentador de Capão Novo Village, no município de Capão da Canoa, desde os oito anos, Lucas estava na praia com a namorada Vanessa, o irmão e os pais desde sexta-feira de manhã. Estudante do terceiro semestre de Engenharia Eletrônica na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e sócio do pai e do irmão numa empresa de equipamentos médicos, ele e Fábio chegaram a entrar no mar, ainda na sexta-feira, e ambos viram que havia um cabo exatamente no limite das áreas para banhistas e pescadores.

Por volta das 10h de sábado, Lucas levou a namorada ao mar para ensiná-la a surfar de bodyboard e ficou na beira, próximo ao posto 9. Enquanto isso, Fábio entrou com a prancha na água. Percebeu que a correnteza estava forte e, novamente, avistou o cabo nas proximidades. Minutos depois, Lucas deixou a namorada e foi surfar com o irmão. Ao chegar perto de onde Fábio estava, ele também percebeu que o cabo estava próximo e os dois decidiram sair da água.

– Entramos na zona de banhista e, devido à corrente forte, chegamos em menos de cinco minutos à zona de pesca. Comecei a nadar para sair do mar e, quando olhei para trás, vi meu irmão se debatendo. Voltei para ajudá-lo e também fiquei preso no cabo. Gritei por socorro e dois casais que estavam caminhando na areia foram nos ajudar. Consegui soltar o lesh (corda que liga à prancha) do meu pé, mas não deu para voltar a tempo, pois ele já tinha afundado – lembra Fábio, estudante de Oceanologia da Universidade Federal do Rio Grande (Furg).
Com a ajuda de outras pessoas, Fábio puxou o cabo e conseguiu retirar o irmão do mar. Uma médica estava entre os que ajudavam e chegou a prestar os primeiros socorros ao rapaz, que não resistiu e morreu no local. O enterro ocorreu ontem no cemitério Jardim da Paz, na Capital.


** Família pretende fazer campanha de conscientização

– O mar não é um lugar onde entramos e ficamos no mesmo lugar, há corrente longitudinal. Não pode ter uma rede de pesca próxima ao limite das duas áreas, deve ter um espaço que ninguém ocupe, nem surfista, nem pescadores – reclama Fábio.Consternado, o pai de Lucas, o empresário Pedro Rogério Dias, espera que com a morte do filho algo seja feito para se evitar mais vítimas. Com o estudante, pelo menos 48 surfistas já morreram no litoral gaúcho em função das redes de pesca, desde 1983, segundo a Federação Gaúcha de Surf

– Estivemos em Punta del Leste há duas semanas e lá é tudo bem delimitado. Vamos homenagear o Lucas e procurar, com a Federação de Surf, fazer um trabalho de conscientização para esse tipo de problema – diz o pai.
Fonte: clicbrs

A Federação Gaúcha de Surf e o Movimento de Proteção ao Surfista enviaram nota oficial à imprensa convocando todas as pessoas envolvidas com o problema a comparecer no ato de protesto com o objetivo de chamar a atenção da opinião pública e pressionar as autoridades na busca por soluções definitivas para este flagelo que já vitimou 48 surfistas gaúchos desde 1983.


** O que está sendo feito para solucionar o problema?

As conseqüências da morte de um surfista provocada por redes de pesca instaladas no litoral gaúcho são imediatas.
Reuniões de emergência com lideranças do surf são convocadas e manifestações políticas de autoridades públicas lotam as agendas, sempre com o intuito de encontrar soluções emergenciais para o problema.
Nesta semana, diversos segmentos envolvidos com a questão se pronunciaram e novas medidas estão sendo tomadas.


** As medidas da Federação Gaúcha de Surf

A Federação Gaúcha de Surf solicitou uma nova varredura do litoral a ser realizada pela Brigada Militar para a retirada de todos os artefatos de pesca que não estejam de acordo com a Lei 12.050 de 2003, que determina a devida identificação com nome, endereço e número do registro dos equipamentos.

Também está sendo exigida em caráter de urgência a criação de um decreto e posteriormente uma nova lei estadual adequando as áreas de acordo com o parecer do CECO, além de uma sinalização feita com totens coloridos em conformidade com a sinalização padrão de segurança nas cores vermelha, amarela e verde, para demarcação das áreas.


** O que diz os estudos do CECO

Conforme parecer do Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica da UFRGS, ficou comprovado que há um deslocamento bi-direcional de 1 metro por segundo no litoral gaúcho em condições de corrente extrema.

Sendo assim, uma área segura para a prática do surf exigiria uma extensão mínima de 4 a 6 km, com zonas de amortecimento de 500 metros entre elas.
O local onde ocorreu a morte de Lucas conta com apenas 1 km livre para surf.


** Tragédia foi assunto de discurso na Assembléia Legislativa

O deputado Sandro Boka (PMDB) ocupou a tribuna da Assembléia Legislativa na tarde de terça-feira (14/04), para lamentar a morte de Lucas Boeira Dias.

O parlamentar alertou para as conclusões dos estudos do CECO sobre as correntes marítimas e anunciou uma audiência pública na Comissão de Educação e Desporto, da qual é titular, para que se discuta o assunto e altere-se a lei dos atuais 400 metros para um mínimo de 3 km.

"Já estamos trabalhando há um ano e meio, e conseguimos grandes avanços, mas infelizmente essas conquistas não foram suficientes ainda para evitar a morte de mais um surfista”, lamentou em seu discurso.
Fonte: clubesurf.com.br

2 comentários:

  1. A.... e essa saudade que nos consome criada por uma rede lançada ao mar ... nos tira uma pessoa amada que só queria surfar! saudades eternas.

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  2. o litoral do rs é o unico que redes de pesca invadem área de surf, ridiculo isso, uma falta de ação das autoridades, se é que existe alguma! a unica coisa que queremos é surfar!

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